Segundo Kant nós fazemos parte de, em vez de percebermos a realidade. Ele afirmou que todos os nossos sentidos são filtrados pelo sistema nervoso, que nos fornece um retrato do que chamamos realidade. Na verdade, essa realidade não passa de uma quimera, uma ficção que surge dos conceitos e catalogações feitos pela mente. Conceitos são também a causa e o efeito, sequência, quantidade, espaço e tempo; são construções e não entidades, isto é, coisas ou factos que possam existir lá, na natureza.
Além disso, não podemos ver uma versão do que está lá, não temos como saber o que está realmente lá, ou seja, o que existe antes do nosso processo perceptivo e conceitual. Essa primeira entidade, que em alemão Kant chama de ding an sich (a coisa em si), está e precisa de estar para sempre desconhecida por nós.
Embora, por seu turno, Schopenhauer concorde que não podemos conhecer a coisa em si, acredita que podemos chegar mais perto dela do que acha Kant. E que Kant menosprezou uma grande fonte de informação do mundo perceptível (o mundo fenomenal): nosso próprio corpo! O corpo é um objeto material. Existe no tempo e no espaço. E nós temos um enorme e rico conhecimento do corpo que não vem através da percepção e da conceituação, mas de dentro, dos sentimentos.
Adquirimos um conhecimento através do corpo que não podemos conceituar e comunicar porque a maior parte de nossa vida interior é desconhecida para nós. A vida interior é reprimida e não pode ser consciencializada porque conhecer a nossa natureza mais profunda (nossa crueldade, medo, inveja, desejo sexual, agressividade, egoísmo) seria um peso maior do que poderíamos aguentar.
O tema parece conhecido? Faz lembrar aquela velha teoria freudiana do inconsciente, do processo primitivo, do id, repressão, auto-ilusão?...
Como compreendemos essas forças inconscientes? Como fazemos com que elas se comuniquem entre si? É que, na realidade, embora não possam ser conceituadas, podem ser sentidas…
E o que penso eu? A Lyra pensa que tem um qualquer defeito quimico que a faz consciencializar demasiado a sua vida interior!
Mas, na (minha) realidade, eu já não sei (de) nada…
Alguém por aí sabe?!
Eu..., sem rumo...
Lyra
2 comentários:
Temos o privilégio de poder pensar e fazer os devidos ajustes, pedir perdão quando erramos, de aprender qdo não sabemos; podemos até dar a luz para um novo ser chamado nosso descendente; más não sabemos muitas vezes ser humildes, entender o nosso semelhante.
Então enquanto o ser humano que se julga humano não aprender que somos todos iguais, não importa muito saber de outras coisas, afinal é a cada dia que vamos nos conhecendo um pouco mais, e olha que tem gente que morre e não se aceita como nasceu.
Grande abraço e uma feliz quarta-feira.
Bj
Nicinha
Gosto tanto de vir aqui e ter post seu! Parece que todo mundo vai abandonando seus refúgios digitais com o passar do tempo e com a rotina... Mas gosto de vir aqui e ver como está. E me sinto de forma parecida. Rotina maçante, falta de dinheiro, nenhum reconhecimento, poucos amigos (e nenhum por perto)... Mas sabe, cada dia é um dia e uma nova surpresa nos aguarda. Quando o dia começa ruim eu tento manter aquele pensamento de que quando eu deitar minha cabeça no travesseiro novamente, eu tenho a chance de fazer tudo diferente, de abrir os olhos pela manhã e inspirar as boas energias que percorrem o mundo. Claro que todos os dias eu penso em como seria bom perder as amarras que esse mundo capitalista nos coloca, mas ainda não descobri uma maneira não traumática (para mim e para meus amores) de fazê-lo.
Enfim, o que tenho a dizer é que por mais que eu goste de notícias deste cantinho, me amargura saber que daí as coisas estão duras. Eu sei bem como é querer jogar tudo pro alto, ou preferir se afundar no mar ao invés de persistir... E me preocupa. Espero que possas acordar todos os dias com o coração cheio de amor para que não se deixe arrastar pelo vale da dor.
Se cuida.
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