quarta-feira, 4 de março de 2009

Supermercados

Os supermercados são os palácios dos pobres. Não são só os azarentos e os mal alojados, os que ao longo das gerações foram reduzindo os gastos da imaginação, que frequentam e, de certo modo, vivem o supermercado, as chamadas grandes superfícies. As grandes superfícies com a sua área iluminada e sempre em festa; a concentração dos prazeres correntes, como a alimentação e a imagem oferecida pelo cinema, satisfazem as pequenas ambições do quotidiano. Não há euforia mas há um sentimento de parentesco face às limitações de cada um. A chuva e o calor são poupados aos passeantes; a comida ligeira confina com a dieta dos adolescentes; há uma emoção própria que paira nas naves das grandes superfícies. São as catedrais da conveniência, dão a ilusão de que o sol quando nasce é para todos e que a cultura e a segurança estão ao alcance das pequenas bolsas. Não há polícia, há uma paz de transeunte que a cidade já não oferece.

15 comentários:

Devaneante disse...

Mas, infelizmente, essa é apenas uma paz podre...

Sonhar é bom, mas viver permanentemente no sonho não nos pode trazer nada de bom.

Poeta Mauro Rocha disse...

Mercado é programa de índio,srrssrs.Mas seu texto está ótimo, pena que algumas pessoas vivem uma realidade útopica.

Noslen ed azuos disse...

É mesmo os supermercados são as igrejas do consumismo e Deus abençoa todos que compram, compram, compram...

Bjs
ns

Violeta disse...

sabe tão bem fazer as compras pela internet e naõ ter que ir para esses sítios...

Fenix disse...

Não há menor dúvida que é nas grandes superfícies que se encontra toda a variedade de pessoas!
É como se fossem locais democráticos.
Há a sensação de que toda a gente está ali de-igual-para-igual, mas deixemo-nos de ficções, é apenas a sensação!

Poeta Mauro Rocha disse...

Ola!! Fiz uma sigela homenagens a todas as mulheres e seu dia, antecipado eu sei,srsrrsrs, mas espero que goste.

Um abraço e beijo.

f@ disse...

Lyra parabéns pelo texto.... mas permite-me discordar...
dessa pura ilusão... para não lhe chamar engano...

beijinhos

Menina do Rio disse...

A ti
Mãe
Mulher
Esposa
Amiga
Irmã
Mulher de profissão
Avó,
enfim,
A todas as mulheres que existem
dentro de cada uma do nós

"Benditas sejam todas vós, capazes de
engedrar a vida, tecendo lindas histórias
de luta e amor"

Um Feliz Dia a ti MULHER!

mariam [Maria Martins] disse...

Lyra,

passei para lhe desejar um dia (que 'dizem' ser da Mulher!) muito Feliz! seguido de muitos outros não menos fantásticos!

deixo um abraço, o sorriso de sempre e saudades!
mariam
o

Oliver Pickwick disse...

Não sabia que, indiretamente, provocava tal euforia. Projetar e construir supermercados e hipermercados é a maior rotina do meu trabalho. Me especializei nisso. Percebo que o meu excesso de esmero na elaboração do layout interno, iluminação e na programação visual - o tripé "chama clientes" -, tem bons resultados. Chego a utilizar até seis tipos de iluminação diferente em uma única loja, com o fim de melhorar a resolução de cores de determinado grupo de produtos, valorizando-os as respectivas aparências. Quem sabe, no próximo projeto não utilizo uma iluminação fractal? ;)
Ilusão ou não, é bom conhecer as reações das pessoas a respeito do nosso trabalho.
Um beijo!

Francine Oliveira disse...

de qualquer forma, quem não gosta de passear num supermercado? todo mundo tem seu podre... e não adianta negar, todo mundo acaba curtindo um mercadinho... chega a ser uma mini-cidade nostálgica na qual todos passeiam alegremente a fim de gastar o que sobrou do salário nem que seja no pacote de salgadinhos vencidos

vieira calado disse...

Sinais dos tempos.

Como antigamente eram os grandes cinemas luxuosos.
Havia quem lá fosse só para sentar-se numa cadeira acolchoada...


Beijinhos

Eu sei que vou te amar disse...

Um post interessante que remete a realidade dos nossos dias e da ilusao que podemos encontrar produtos melhores e a preços baixos!
Vivendo em Londres, fico abismada pelo consumismo que paira no ar todos os dias, as ofertas sao astronomicas!
Um beijo doce

Peter Pan disse...

Linda Amiga:
Sim! Num texto encantador de veracidade podemos dizer que os supermercados acabaram de vez.
As grandes superfícies roubaram-lhes o lugar, o sentir, o estar e o ser.
Uma narração fabulosa.
Faz "falar" e dá vida voz aos lugares de outrora repletos e, aos seus humildes vendedores tão simpáticos e admiráveis de educação e prontidão no atendimento às pessoas.
Que "hino" extraordinário a eles, que lhe agrdecerão a sua íntegra posição e conduta perante um estado de coisas impensadas de acontecer outrora...
Beijinhos de imenso respeito pelo seu génio gigante e extraordinário do seu delicioso ser...

Peter Pan

Ou arreliou-se com ele? DESCULPE!

Leonor disse...

é mesmo, Lyra, passear no supermercado ou no centro comercial tornou-se, infelizmente, numa rotina até!

tb é a grande ilusão, ou os cartões de crédito não andassem com plafonds cheios de coisas que não se precisa...

sinais dos tempos mesmo!