sexta-feira, 30 de maio de 2008

"Momentos de Revelação"

A história da arte (tal como a evolução da ciência) testemunha as emoções, as razões, as crises e as construções, que marcaram épocas e períodos pelos quais passou a humanidade.

A arte é documento, é denúncia, é enaltecimento é, também e sem dúvida, uma forma “subversiva” de expressão. O mais apaixonante exemplo disto é para mim é o artista plástico Piet Mondrian, o qual tive o enorme prazer de poder estudar e explorar na Universidade.
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Quadro de Piet Mondrian, 1921

Piet Mondrian era um homem cujas maneiras e cujo estilo de vida modestos escondiam um temperamento passional. A sua progressão do “naturalismo expressionista” para a calma equilibrada e para a simplicidade aparente da “abstração pura” (neoplasticismo) caracterizava-se por uma redução rigorosamente lógica dos meios e por um refinamento de propósitos. Paradoxalmente, estas economias criativas eram as mais rigorosas, apesar da força da necessidade emocional à qual elas respondiam. Assim como ocorria com Malevich e Kandinsky, a pintura para Mondrian era uma actividade filosófica e espiritual. Era o meio para a revelação de uma realidade oculta atrás das formas da natureza bem como para a criação de um modo de vida que, em última instância, libertaria o espírito humano da contingência trágica e o traria para a paz do equilíbrio perfeito – a ordem no caos.

"Fractal Mondrian" de Tim Fort, 2005

Tal como Piet Mondrian – através da pintura e do neoplasticismo (que também utiliza fórmulas matemáticas), também Benoît Mandelbrot - através da matemática e da geometria fractal (que é também uma forma de arte), tenta chegar a uma ordem no caos, sendo que ambos partem da observação das formas existentes na natureza, embora o expressem de formas diferentes. Assim, talvez possamos dizer que tanto o artista quanto o cientista, ambos com seus conflitos, emoções e frustrações, chegam aos seus "Momentos de Revelação".

Esta tem sido, indubitavelmente, uma constante na humanidade, ao longos dos tempos..

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43 comentários:

Liberdade disse...

Visto que de cientista e de artista todos temos um pouco, creio que se poderá dizer que todos teremos, também, os nossos "Momentos de Revelação".

Quanto a Mondrian é um dos meus preferidos.

Penso que não há muito a consciência da necessidade que tiveram muitos artistas da modernidade em referenciar as suas abstracções no mundo objectivo que os cercava. Mondrian buscava a cor pura, isenta de interpretações subjectivas; a sua abstracção era essa, mas foi na decomposição da forma inerente à arte cubista que ele se inspirou, e na estrutura de comunicação de uma árvore que construiu os seus modelos.
Portanto tanto a forma como a cor, com todas as suas “subjectividades”, estavam presentes nele, desde o início, mesmo para que depois fossem “purificadas”, despojadas dos seus conteúdos associativos e representativos.

Gostei muito deste post!

Abraços virtuais.

Lyra disse...

Liberdade:

Vejo que conheces bem Mondrian!
Muito, muito bom, não é? E eu não podia concordar mais contigo, aliás ele próprio disse:

“Em toda a história de nossa cultura, a arte tem demonstrado que a beleza universal não surge do carácter particular da forma, mas sim do ritmo dinâmico das suas relações inerentes ou – como na composição – das relações mútuas das formas. A arte mostrou que a beleza é uma questão de determinação das relações. Revelou que as formas só existem para a criação de relações; que as formas criam relações, e vice- versa. Nesta dualidade de formas e suas relações, nenhuma delas tem precedência.
O único problema na arte é chegar a um equilíbrio entre subjectivo e objectivo. Mas é da maior importância que este problema seja resolvido na esfera da arte plástica – tecnicamente, por assim dizer --, e não na esfera do pensamento. A obra de arte deve ser “produzida”, “construída”. Devemos criar uma representação tão objectiva quanto possível das formas e relações. Esse trabalho jamais pode ser vazio, porque a oposição de seus elementos construtivos e sua a execução desperta emoção." - Piet Mondrian -

Obrigada pela visita e até breve.

;O)

M@ri@ disse...

Minha linda e doce amiga
Com muita pena não conheço Mondrian.
Mas fiquei a conhecer um pouco ao ler o teu texto!
Deixo te um carinho.
Doce brisa que passas...
Trazes o sabor da amizade...
Vem ...
Fica ao meu lado...
Eu vou ficar acordada ...
Para zelar por ti !
Lindo é esse teu sono,
onde posso sentir a tua paz...
Doce brisa que passas!
Trazes uniao aos amigos !!!
Que outrora nem se conheciam ...
Desejo te um lindo fim de semana cheio de paz.
Deixo te um beijo com todo meu carinho
M@ri@

Rita Galante disse...

Querida Lyra!

Ando mais fugidita, mas não me esqueço de ti. Estás no meu coração.

Obrigada pelo teu lindo gesto de Amor para com a Laurinha. Ela é uma querida!

Já vi que tenho perdido posts magníficos.Tenho de voltar com calma para os ler.

Até lá deixo-te uma Luz para iluminar o teu fim-de-semana, caso o Sol não nos visite!

Beijinhos de Amor, Paz e Luz!

Laura disse...

Olá...Adoro ARTE!, desde pintura, ah, a pintura bole comigo desde pequenita, Teatro bem encenado, mas teatro para mim tem de te rum belo guarda roupa e a maioria das peças não tem euros para isso e vestem roupas banais que detesto... A arte existe em tudo se a soubermos ver...
Não conheço esse artista de que falas, mas a minha pouca cultura não deu para mais...
Beijinhos para ti, da, laura..

Laura disse...

E a nina Anjo de luz aqui e logo seguidinha de mim, não podia fazer de conta que não li..ai a laurinha é uma queridinha? a laurinha é uma nina como todas, cheia de coisas boas e menos boas... Os seres perfeitos não existem neste mundo...
Beijinhos às duas...

Noslen ed azuos disse...

o cientista procura as verdades, o artista as extrais da imaginação do mundo...fractais, serás ao meu ver o caminho que levas ao saber lógico das intuições artísticas.

1000Bjs.

NS

Leonor disse...

Lyra

A ordem e o caos, ou a compreensão desses dois fenómenos essenciais à natureza e vida humana, estão presentes desde o início naquela que é a mãe de todas as ciências: a filosofia, numa época em que muitos conceitos que estão hoje separados se encontravam juntos.
A evolução do modo de olhar para esses dois factores e a separação dos vários tipos de pensamentos, com a criação de várias linguagens para abordar uma mesma realidade, trouxeram desenvolvimentos significativos, é certo, e bastante interessantes.
Sempre construções atrás de construções. Que nos podem (e trazem) grandes momentos de revelação, à procura da abstracção final.
A arte, a criatividade, contudo, vem introduzir factores diferentes em todas estas dinâmicas, provando mais uma vez que a vida (ordem/desordem) encontra uma forma de se manifestar... é muito interessante ver como alguns artistas respondem a essa questão.

bom fim de semana
(espero ter feito sentido)

Maria Laura disse...

Aprecio a obra de Mondrian mas não sou capaz de a analisar. Aliás, não sou capaz de analisar qualquer tipo de arte. Mas apreciei muito a tua explicação a um tempo racional e emocional.

Luis Eustáquio Soares disse...

Salve, Lyra, que cá estou novamente, a ler a lira de sua Hidra de muitas formas de dizer, pintando o sete com o artifício do exercício experimental dos fractais impossíveis, aqueles em que ou através dos quais, uma pedra estando no fundo do rio, também está em minha alma.
beijos
luis

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá minha querida Amiga, Belíssimo texto, escrito com muito engenho e arte!...
Bom fim de semana, beijinhos de carinho,
Fernandinha

Pena disse...

Brilhante Amiga:
Hoje, tráz-nos a Arte. A Arte de Mondrian.
O seu convívio com esta forma de expressão vê-se que a sente. Vive em si. É pura e sensível num espectacular Post.
Os elementos de que fala na obra de Mondrian vivem de simplicidade, de emoções momentâneas quando a concebe, de uma corrente designada como "neoplasticismo". A sua preocupação com o real, o óbvio, a irrealidade latente que respira.
A sua arte é visível e presente.
Apaixona pelo deslumbre.
Excelente Post.
Palavras complexas que adquirem a linda magia do seu Ser belo e fascinante de talento, amiga.
Gostei imenso da genialidade e o brio como "construiu" este Post.
Sensacional!
Beijinhos amigos de estima, consideração e respeito.
Admiro-a.

pena

f@ disse...

O equilíbrio entre subjectivo e objectivo... é desnecessário para mim.... e a emoção vem desse desiquilibrio... do inesplicável do sem limite do caos....
beijinhos e parabens pelo belissimo post das nuvens

Cristiana Fonseca disse...

Olá Lyra,
Belíssima escolha pra se falar de arte, composição, formas e relações , criação de uma obra, enfim, Mondrian, nos apresenta em suas riquíssimas palavras tb perspectivas e nos mostra a arte com sabedoria.
Obrigada pelo lindo cometário e pela visita
Super beijos,
Cris

Anónimo disse...

Não sei nada sobre arte. Aind abem que aqui vim, aprendi um pouco mais.
Bjocas e bom fim de semana

Bandys disse...

Lira,
Vir aqui é uma verdadeira aula

Quero sempre aprender, principalmente com voce que faz tão bem isso.

Beijos

ॐ Hanah ॐ disse...

Beijo ...

Luna disse...

Ao longo dos tempos tudo se dividiu
Mas nem sempre foi assim, a medicina, as artes, filosofia,
E religião havia unicidade
beijinhos

MARIA MERCEDES disse...

É curioso que passo muitos momentos, a partilhar com B, a Revelação de Momentos...acabando quase sempre em Momentos de Revelação!

Criar, é sempre um Caos ordenado pela realidade do criador (leia-se artista).

beijinhos grandes

Éverton Vidal Azevedo disse...

Nossa! Você teve esse privilégio de estudar com o Mondrian? Eu o acho simplesmente fantástico!

Bj!
Inté!

Sandra Fonseca disse...

Seu blog é uma das minhas melhores referências de arte e cultura.
"A arte é documento, é denúncia, é enaltecimento é, também e sem dúvida, uma forma “subversiva” de expressão".
Maravilhoso!
Beijo.

Cöllybry disse...

Arte que transmite nos tempos as emoções que cada artista as sentem,assim fica o testemunho...

Belo texto

Bjca

JPD disse...

Olá!

Uma excelente comunicação sobre pintura e a obra de Mondrian.

Se estiver enganado, dar-me-ás nota do erro, olhando para os quadros que ilustram o teu texto, a razão prepondera sobre a emoção. Tudo parece ter o seu lugar e está «arrumado» em função de uma grelha rigorosamente cumprida de hierarquias.
Visualmente, as opções cromáticas estão perfeitas e são muito vivas e alegres.
Gostei muito desta edição.

Pedro Branco disse...

Para quem olha para a arte sem se lembrar destes pormenores, pelo menos conscientemente, faz sempre bem estas lembranças. Obrigado.

Digao disse...

Muito bom.


Visto que de cientista e de artista todos temos um pouco, creio que se poderá dizer que todos teremos, também, os nossos "Momentos de Revelação"

Simplesmente phodastico,acredito nestes momentos.


Bjus ,seu blog esta lindo.

Anónimo disse...

Gostei do teu post ... bem como de todos os outros, a frase que chama a atenção ... ordem no caos ...

tal como alguma razão na loucura
algum sofrimento no amor ...

alguma riqueza em ser pobre ...
alguma luz na escuridão ...

sei lá que mais ...

deixo-te um abraço e mais uma vez um pedido de desculpas por não conseguir vir mais aqui.

jmack

Madalena Barranco disse...

Querida Lyra, sua visão abraça a arte e a ciência, e os quadros de Mondrian (que eu não conhecia) têm algo especial que ajuda a ilustrar seu texto... Talvez as cores aliadas às formas, assim como se fosse a textura da união... Beijos, uma ótima semana para você.

Maristeanne disse...

Lira,

Bela essa essência que é encontrada por trás da aparência.
Gosto das formas organizadas de maneira que a composição resulte apenas na expressão de uma concepção geométrica.

Gostei de conhecer um pouco mais de” Piet Mondrian”

[obrigada querida]

(a)braços,flores,girassóis :)

pin gente disse...

é sempre bom ver com outros olhos (mais sabedores).
abraço

Catarina Poeta disse...

Conflitos, emoções e frustrações...momentos de revelações... almas e sentimentos que interligam pessoas em megadistâncias que o espaço virtual encurta e a mente aproxima. Também adoro ler o que escreves. Boa semana!

Poeta Mauro Rocha disse...

conflitos e artista andam juntos...

MAURO ROCHA

Narrador disse...

Tive de "assaltar-te"!!!

Desculpa.


Aqueles textos de "time travel"...Colei-os no word para os ler à noite...

:)

Perdoas-me!?

Estão brutalíssimos. Adorei!!!! Este espaço é complexo demais para ser lido assim sem mais nem menos.

Parabéns pelas pesquisas/estudos!

Beijo

Å®t Øf £övë disse...

Lyra,
O Fractal Mondrian de Tim Fort fez-me lembrar as embalagens de gel para o cabelo da Studio Line da L'Óreal. Seriam elas baseadas na obra de Tim Fort?
Bjs.

jguerra disse...

Bem... não posso dizer que goste de Mondrian e seus contemporâneos... gosto de figurativos, mesmo que tenha de pensar para perceber que figura é. Agora não que dizer que não haja excepções à regra.
Obrigado pela visita, volta sempre.

kakauzinha disse...

Para mim a arte tem de ser minimamente compreensível, tem de possuir um pozinho de equilíbrio que me transmita alguma mensagem, que traga até mim uma certa ordem no caos.

A arte é livre, é verdade, é uma forma de fugir à rotina, às convenções, mas gosto que me dê alguma cor ou algum traço que me permitam entender uma alma, um pó de razão, um pó de propósito.

Beijinhos azuis*

Alberto Oliveira disse...

... partilho sem qualquer favor da tua admiração por Mondrian, artista plástico pouco "recomendado" para os que têm da arte entendimento e visão imediatistas. É um autor de referência para se "ver, ler & debater", sempre.

beijinhos.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá querida Amiga passei para deixar-te um beijinho de carinho,
Fernandinha

RENATA CORDEIRO disse...

Espero ter resenhado outro filme da sua vida, vc que é artista por completo. vá viistar-me. Postei sobre Excalibur. Vá lá.
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um beijo,
RENATA MARIA PARREIRA CORDEIRO

Thiago disse...

Vi uma exposição fabulosa em Veneza com quadros deste grande senhor!! Com o teu post fiquei a saber um pouco mais. Convido-te a conhecer o desenlace da história de A.!!

Carla disse...

amiga mesmo no meu desconhecimento de arte, as tuas palavras conseguiram dizer-me muito
beijos e obrigada pela informação

impulsos disse...

Tenho pena de não ter bagagem para poder apreciar a arte tal como ela o merece... fico-me pela simplicidade de um singelo gostei muito.
Ao contrário de ti, que és entendida na matéria e podes alargar os teus horizontes muito para além daquilo que uma tela realmente mostra...

Beijo

Luis Ferreira disse...

Adorei este teu texto... mais um belo momento que partilhas com quem te visita.

Parabéns pos nos trazeres Mondrian e a sua obra. Belo momento de revelação...

Com amizade
Luis

lua prateada disse...

Na brisa suave do vento
E, tudo o que dele emana,
Passei atravez do tempo
Deixando lindo fim de semana.
Beijinho prateado com carinho

SOL