A pele mais adequada para ser escrita deve ser muito clara, talvez a de um corpo cujo cabelo bem escuro sugira o brilho da tinta preta.
Especula-se sobre uma fantasia erótica que combina duas fascinações sem limites: o corpo e a literatura.
"O Livro de Cabeceira" de Sei Shonagon é uma obra da literatura clássica japonesa, escrita há mil anos por uma dama-da-corte imperial. É um elegante e refinado diário, feito com engenhosidade e muita inteligência por uma mulher sensível e de forte caráter. O diário, tal como outros diários do mesmo tipo (este não era o único existente), era guardado dentro da gaveta de um travesseiro de madeira, sobre o qual a autora encostava sua cabeça durante a noite. O filme diz respeito a uma moderna Sei Shonagon, que vive nos anos 90 em Hong Kong. E essa história passa, certamente, por uma grande reviravolta.
Essa Sei Shonagon contemporânea é passional, ao ponto de abandonar tudo pela literatura, pelas palavras, pela escrita, pelos escritores, poetas e homens de letras. Ela mantém um armário em sua casa, um grande armário europeu do século XVIII. Mas dentro não há nenhum papel . O seu corpo é o papel.
Essa mulher tem vinte, talvez vinte oito, ou mesmo trinta anos, mas não menos. Ela é bonita. É alta. Tem um corpo ideal para modelar roupas. É uma exilada do Japão, com uma história pessoal marcada por uma educação primorosa. Dona de uma sensibilidade refinada, é afeita à tradição de decorar o corpo com tatuagens e cosméticos, e à literatura que, através da caligrafia, se constitui um meio caminho para a pintura. Neste momento, vamos supor que essa mulher vem de Kioto, cidade da própria Sei Shonagon. O seu nome é Nagiko, o mesmo que alguns historiadores pensam ser o nome familiar de Sei Shonagon...
Livro e Filme imperdíveis!!!
1 comentário:
Lyra, também gosto muito deste filme. Freqüentei um curso muito bom,em julho , na Casa das Rosas (SP),sobre Peter Greenway. As aulas foram ministradas por Maria Esther Maciel,autora dolivro "A Memória das Coisa - Ensaios de literatura,cinema e artes plásticas".
Abraço,
Karen Kipnis
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