quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
sábado, 6 de dezembro de 2008
Natal
É Natal, outra vez!
Contraditório? Aparentemente sim. Mas... e se pensarmos como Heraclito?, que defendia que de um lado existia o Logos, que governava todas as coisas e, do outro, o devir que se desenrolava no interior de um círculo apertado por laços poderosos. Acreditava que era no interior de cada um de nós que se operavam as mudanças, dizia que a vida e a morte, a juventude, a velhice e o sono eram a mesma coisa, porque estes transformam-se naquelas e inversamente aquelas transformam-se nestes.
E é assustador como todos os Natais eu reflicto àcerca disto!
Em todos os anos da minha vida passada e futura existe Natal e eternamente retornará. Mas o Natal, o seu espírito e a forma de nele estar nunca são os mesmos e eu própria (já tão alterada pelo "devir" da vida) nunca sou a mesma.
Este Natal é também pautado por dois extremos que se tocam: vou passá-lo apenas com o meu marido, filho, mãe, avô e gata mas, no entanto, acho que é o mais cheio de amor de todos!!!
Amor que nos alimenta a alma e que vamos aprendendo (aprender - processo mutável e eterno) a valorizar e a preservar mas que, sendo "fogo que arde sem se ver", temos que aprender a tentear.
Tal é o fogo de Heraclito, em que "o mundo é o mesmo para todos os seres, nenhum deus, nenhum homem o criou; mas foi, é, e será sempre um fogo eternamente vivo, que com medida se acende e com medida se apaga. "
AMAR-TE-HEI SEMPRE PEDRO!
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Geometria Sagrada
O que é a Geometria Sagrada?
Geo + Metria = medição da terra
Geometria Sagrada seria, então, o estudo das ligações entre as proporções e formas contidas no microcosmo e no macrocosmo com o propósito de compreender a Unidade que permeia toda a Vida.
Desde a Antiguidade, egípcios, gregos, maias, arquitectos das catedrais góticas, artistas como Leonardo da Vinci e outros…. todos reconheciam na natureza formas e proporções especiais, que traduziam uma harmonia e unidade em si…
Essas relações de forma e proporções consideradas sagradas na geometria e na arquitectura, também ocorrem de forma idêntica noutras áreas da expressão humana, como na Música. O estudo dos harmónicos, dos modos musicais vem fascinando os compositores e amantes da música há milénios. A mesma harmonia nos sons, nas formas, nas cores também se encontra na natureza, do microcosmo ao macrocosmo…
Geometria Sagrada…
A linguagem mais próxima da Criação?
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
O Jogo de Xadrez
Aprendendo a jogar com os árabes, os habitantes da Península Ibérica desenvolveram muito a prática do xadrez. Os primeiros grandes jogadores são os espanhóis e um português.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
O guardião de Sonhos
sábado, 25 de outubro de 2008
"Together we're invincible" - MUSE
Da Lyra para o Cygnus X1.
Juntos percorremos um longo caminho e aqui chegámos - perto do topo - cheios de força e alegria. Muito caminho há ainda para percorrer até bem lá a cima e sei que nós fá-lo-emos, de mãos dadas, como sempre e agora com mais determinação e certeza.
A ti Rapaz Maravilha e... obrigada por existires:
"Follow through
Make your dreams come true
Don't give up the fight
You will be all right
Cause there's no one like you
In the universe
Don't be afraid
What your mind conceives
You should make a stand
Stand up for what you believe
And tonight we can truly say
Together we're invincible
And during the struggle
They will pull us down
But please, please let's use this chance to
Turn things around
And tonight we can truly say
Together we're invincible
Do it on your own
Makes no difference to me
What you leave behind
What you choose to be
and whatever they say
Your soul's unbreakable
And during the struggle
They will pull us down
But please, please let's use this chance to
Turn things around
And tonight we can truly say
Together we're invincible
Together we're invincible
And during the struggle
They will pull us down
Please, please let's use this chance to
Turn things around
And tonight we can truly say
Together we're invincible"
Amar-te-hei sempre!!!
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Orpheu Eurydice
"Aprende
A não esperar por ti
pois não te encontrarás
No instante de dizer sim ao destino
Incerta
paraste
emudecida
E os oceanos depois devagar te rodearam
A isso chamaste Orpheu Eurydice
Incessante intensa lira vibrava ao lado
Do desfilar real dos teus dias
Nunca se distingue bem o vivido do não vivido
O encontro do fracasso
Quem se lembra do fino escorrer da areia na ampulheta
Quando se ergue o canto
Por isso a memória sequiosa quer vir à tona
Em procura da parte que não deste
No rouco instante da noite mais calada
Ou no secreto jardim à beira-rio
em Julho"
- Sophia M. B. Andresen -
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Lyra
Orfeu era filho da musa Calíope e do deus-rio Eagro. Cresceu entre as musas, aprendeu a música e a poesia dos deuses. Seu canto era tão suave que as feras o seguiam, mansas e preguiçosas e as árvores se inclinavam para ouvi-lo melhor. Menino ainda, conheceu a Ninfa Eurídice, filha de Apolo. De mãos dadas, corriam pelos campos e as flores desabrochavam à sua passagem. Cresceram sonhando com o dia do casamento, quando as musas e as Ninfas se reuniriam num coro para os cânticos nupciais. E este dia tão esperado já estava próximo quando Aristeu viu a noiva de Orpheu a brincar entre as flores.
Uma paixão louca foi-se instalando no seu coração e despertando o desejo dorido de amá-la. E um dia ele não aguentou mais e aproximou-se dela devagar.
Eurídice fugiu, perseguida por Aristeu. Correu e não viu a serpente enorme enroscada entre as plantas. A picada foi quase indolor e não entendeu quando a morte que corria nas suas veias enfraqueceu as suas pernas e obrigou-a a cair no tapete florido.
O pobre Orpheu abandonou-se à dor. O pranto de sua lira encheu os campos e subiu ao Olimpo, mas ele, cego de desespero, desceu ao Hades à procura de sua amada. Ao som de sua lira, Caronte atravessou-o em seu barco, Cérbero parou de rugir e, à sua passagem, Tântalo esqueceu-se da fome e da sede, as Danaides pararam de encher o tonel furado e os sofredores distraíram-se de suas penas.
Quando chegou ao palácio das profundezas, Plutão (Hades) e Perséfone já o esperavam.
- Muito bem – disse Plutão, depois de ouvir as súplicas de Orpheu. – Permito que a sua noiva o acompanhe, mas imponho uma condição: irás à frente e ela te seguirá e, por motivo nenhum, poderá olhar para trás ou perderá-la-hás para sempre.
Orpheu deixou o salão denso de brumas cheio de esperanças e procurou a estrada que levava às portas de Hades. Mal deu os primeiros passos, sentiu que estava a ser seguido. Passos leves e tímidos seguiam-no, mas nada conseguia ver com os cantos dos olhos. Não se voltou. A felicidade que sentia era imensa. Eurídice estava ali atrás e sairia com ele. As lembranças ferviam na sua cabeça e ele apegava-se a elas para resistir à tentação de olhar para trás. E juntamente com ela, apareceu também Aristeu, apaixonado, tentando tocá-la, tentando possuí-la.
- E se a serpente não a tivesse picado? – pensou ele subitamente. – Teria ela resistido aos encantos de Aristeu? Quem sabe, no íntimo, ela também não desejava o amor daquele criador de abelhas? – procurou lembrar-se do olhar de Eurídice e viu-o cheio de paixão. – Por ele ou por Aristeu?
O ciúme se instalou na sua alma.
- Preciso saber – disse baixinho – preciso ter certeza do porquê do brilho de paixão que vi nos olhos dela na última vez em que me contemplou. Se eu pudesse ver os seus olhos novamente...
Foi saudade, a dúvida ou o ciúme que fez Orpheu olhar para trás? Nem mesmo ele soube dizer. Quando deu por si, estava estactico, a ver a imagem de Eurídice diluir-se no ar. E a última coisa que se apagou foi o brilho da paixão que acendia os seus olhos...
Mergulhado no seu sofrimento, Orpheu não quis mais nenhum contacto com mulheres e isolou-se no seu meio à sua dor. Reuniu os jovens da cidade e, a portas fechadas, realizavam ritos mágicos.
- Que será de nós, se os nossos homens não querem mais o amor das mulheres?
- A culpa é do Orpheu, aquele louco, que jamais aceitou a morte da noiva e não consegue amar outra mulher!
E uma noite, as mulheres, revoltadas, atacaram Orpheu, despedaçaram o seu corpo e lançaram os seus pedaços no rio. A sua lira subiu aos céus e transformou-se numa constelação e a sua alma foi para os Campos Elíseos, cantar para os Bem-Aventurados.
...
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Curiosidades Fractais
Com fractais aplicados ao conhecimento do funcionamento do universo, calculados com potentes computadores, podemos não só simular o nascimento de mundos, mas também o crescimento celular, desenvolvimento do ADN e até tendências de comportamento do mercado.
Os mercados financeiros são um dos grandes campos de aplicação da geometria fractal, para além de terem sido um dos primeiros locais onde os fractais foram vistos à solta. Tudo começou com a descoberta, por Mandelbrot, que a distribuição das flutuações do preço do algodão obedecia a uma Lei de Potência - uma das impressões digitais dos fractais - o que desacreditava os dois dogmas da economia ortodoxa: as variações dos preços são estatisticamente independentes e obedecem a uma distribuição normal... Os fractais permitem quantificar a estrutura em todas as escalas associada a muitos sistemas complexos.
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sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Design Fractal
O design fractal pode ser encontrado na natureza, em estruturas vegetais ou animais, em cristais, nuvens, sistemas radiculares, etc. ou pode ser produzido artificialmente através de um algoritmo matemático; repete-se até à exaustão e parece sempre diferente. A geometria fractal sempre produziu formas e desenhos surpreendentes. Há até quem se dedique a criar desenhos fractais com um intuito meramente estético e quem os faça como estudo para uma criação artistica com utilização prática, como é de Takeshi Miyakawa, um designer de mobiliário que criou este "Fractal 23" e cujo talento se pode ver aqui.
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Amor com humor se paga
- Guillermo Mordillo -
38 segundos deliciosos
- Guillermo Mordillo -
Amo-te Pedro!
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Eternidade...
. A eternidade é o nosso signo. Não começámos a existir nem o fim da existência o entendemos como fim. Por isso não sentimos que não existimos antes de começarmos a existir mas apenas que tudo isso que aconteceu, antes de termos existido, foi apenas qualquer coisa a que, por acaso, não assistimos, como a muito do que acontece no nosso tempo. E à morte invencivelmente a ultrapassamos para nos pormos a existir depois dela.
O prazer que nos dá a história do passado, sobretudo os documentos que no-lo dão flagrantemente, vem de nos sentirmos prolongados até lá, de nos sentirmos de facto presentes nesse modo de ser contemporâneo. Mas sobretudo há em nós uma memória-limite, uma memória absoluta, que não tem nada de referenciável e se prolonga ao sem fim. Do mesmo modo há o futuro que é pura projecção de nós, apelo irreprimível a um amanhã sem termo ou sem amanhã.
Por isso a morte nos angustia e sobretudo nos intriga, por nos provar, à evidência, o que profundamente não conseguimos compreender. Mas sobretudo a eternidade é o que se nos impõe no instante em que vivemos. O tempo não passa por nós e daí vem a impossibilidade de nos sentirmos envelhecer. Sabemo-lo na realidade, mas é um saber de fora. Repetimo-lo a nós próprios para, enfim, o aprendermos, mas é uma matéria difícil que jamais conseguimos dominar.
Por isso estranhamos que os nossos filhos cresçam e se ergam perante nós como adultos que não deviam ser. Por isso estranhamos os jovens pela sua estranheza de que quiséssemos, porventura, ser jovens como eles. Instintivamente sentimos que é um abuso eles tomarem o lugar que nos pertencia e nos desalojem do lugar que era nosso. Por isso sofremos, não bem por perdermos o que nos pertencia, mas pela dificuldade de isso entendermos. Há uma oposição frontal entre o nosso íntimo sentir e a realidade que isso nos desmente.
Somos eternos, mas vivemos no tempo. Somos imutáveis, mas tudo à nossa volta se muda e nos impõe a mudança. Somos divinos, mas de terrena condição. É essa condição que sabemos, mas não conseguimos aprender. Nesta oposição se gera toda a grandeza do homem e a tragédia que o marcou. Os que se fixam num dos termos são deuses iludidos ou animais que não chegaram a homens. Porque o verdadeiro homem é deus por vocação e animal por necessidade.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Optimismo
Estudos recentes (e recorrentes) elegeram-nos como um dos países mais deprimidos da União Europeia. Sabendo que este estado de espírito influencia negativamente a qualidade de vida é urgente mudar a nossa atitude pessimista e passarmos a valorizar uma perspectiva optimista desde a primeira infância, altura em que deverá ser incutida uma visão optimista da vida que assente na consciência de que "mais importante do que aquilo que nos acontece é a forma como lidamos com isso".
O Optimismo é uma "filosofia de vida", pois influência a forma como avaliamos os acontecimentos. Assim um optimista vê os fracassos e dificuldades como oportunidades para aprender mais, para desenvolver capacidades, para melhorar a sua qualidade de vida. O optimista não vê barreiras mas sim desafios, sabe que existirá sempre uma saída, uma solução, "acredita no melhor, espera sempre o melhor e trabalha para o melhor".
Eu não podia concordar mais, porque acredito que é bom viver e transmitir esse prazer!
É bom, chegar a esta altura da vida cheia de esperança, alegria, sonhos e desejos, com a certeza absoluta de que poderei realizá-los e crer que a vida será melhor, apesar de todos os pesares.
A vida está aí, para ser vivida na sua plenitude!!!!
“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...”
- Fernando Pessoa -
domingo, 6 de julho de 2008
Fractal Humano
Caros amigos e visitantes: a altura de tirar férias chegou e estou muito feliz por isso (risos).
Sinto-me livre!
Solta de tudo o que me prende
Fora dum quadro de moldura ocre.
Sinto-me livre para viver noutro cenário
… De sol, praia e viagem!
Estou livre! A par com o tempo.
Estou em férias! Com asas de liberdade.
Vou voar! Solta, emancipada… com a paz e o desfrute.
"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações."
Bernardo Soares - in "O Livro do Desassossego"
Entretanto e até ao meu regresso, deixo-vos, como presente, este vídeo, cuja perfeição na dança é uma autêntica obra prima fractal imperdível!!!
Beijinhos para todos e até breve.
Lyra ;O)
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Beleza Monstruosa
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Alguns filósofos, seguindo Kant, têm identificado julgamentos estéticos puros com critérios de beleza. Independentemente de que julgamentos de beleza “sejam julgamentos de gosto”, o que os torna essencialmente subjectivos e, portanto, não possa existir o que se poderia chamar “um padrão de gosto”, é sempre interessante retornar às diferentes teorias da Beleza.
Para Kant, a Beleza é uma questão de gosto, pois gosto é “a faculdade de julgar o belo”.
Independentes de conceitos, esses julgamentos seriam o que ele chama de “estéticos”, opostos a “julgamentos lógicos”, os quais seriam “julgamentos objectivos”, que atribuiriam determinadas propriedades aos objectos. Os “julgamentos estéticos” seriam subjectivos, cuja base determinante seria o prazer ou a dor, satisfação ou insatisfação que proporcionam. E, para ser um “julgamento estético puro”, afirma ainda Kant, este precisa ser, antes de tudo “desinteressado”. Sendo que desinteressado é aquele prazer que qualquer pessoa pode ser capaz de sentir; então, quando se diz que algo é “belo”, ele reitera, se fala com “uma voz universal”.
Poder-se-á dizer que, no aspecto subjectivo, chamamos “belo” àquilo que nos fornece uma determinada forma de prazer. No aspecto objectivo, dizemos que é “belo” algo absolutamente perfeito. A perfeição absoluta também nos causa uma espécie de prazer, mas é apenas a concepção subjectiva diferentemente expressada.
O Belo clássico grego tinha exigências bem precisas quanto às proporções e quanto às relações das proporções entre a parte e o todo. Aplicadas à construção da figura humana, essas regras referiam-se mesmo à idade em que a figura era representada (nem velho, nem criança), bem como à postura e atitudes, pois nada poderia perturbar a “harmonia total”, o “perfeito equilíbrio”, denominado sofrosine. Este perfeito equilíbrio era observado tanto no que respeita à forma com as suas proporções perfeitas de acordo com os cânones prescritos, o absoluto domínio técnico, como no que respeita à representação do domínio emocional do representado. No período clássico grego as emoções não eram representadas, pois romperiam a serenidade ideal.
No renascimento voltamos a encontrar a preocupação com a representação da Beleza em grandes artistas e teóricos, evidenciando a procura por uma definição formal da beleza e as regras para alcançá-la. Artistas obcecados pela matemática, aplicam-na na construção de suas obras. Nesta altura também se assiste ao inicio da elaboração matemática das figuras, embora reconhecendo-se que as leis da proporção permitem apenas aproximar-se à “beleza”, pois somente a inteligência divina poderia conhecer a perfeição absoluta.
“Sublime” e “belo”, poderiam também descrever momentos da história do gosto, pois muitas gerações foram persuadidas pela ideia de que a arte era um legado da Grécia, ideia esta que teve uma enorme influência no pensamento estético.
Mas quem fundamenta todo o pensamento filosófico do ocidente sobre a tripla atracção exercida sobre a alma humana pela verdade, a beleza e o bem é, sem dúvida, Platão. Exaltando a “ideia do belo”, Platão não afirma que ele seja a essência da arte, mas ao contrário, que a beleza absoluta não poderia estar senão nas figuras geométricas, nas cores e nos sons puros: a beleza é uma abstracção. Para ele a obra de arte não é senão um simulacro, uma imitação da realidade ideal, o que seria condenável do ponto de vista ontológico.
Platão, identificando a prática da arte com a criação de aparências, propõe uma poderosa e devastadora metáfora, que aponta para a inércia e a fraqueza da arte como instrumento de conhecimento.
Aristóteles, entretanto, objectiva a ideia de Platão, considerando que na obra de arte pode ser distinguido o prazer estético do prazer sensual...
O fractal no mundo e o mundo com fractais
Numa época em que nos deparamos com imagens sem referenciais (o fractal é de uma auto-referenciação inata), que provém de uma origem numérica, de simulações matemáticas, que são uma série de operações fundamentalmente digitais, o nosso universo de indagações e investigações vê-se projectado em considerações complexas e instigantes, de uma ética e ecologia do domínio da imagem electrónica, um universo inebriante construído de luzes, cores, sons ainda por decifrar.
Numa sociedade da imagem, como a que vivemos, num universo constituído de ficção e imagens, é evidente que a imagem tecnológica e os meios de comunicação de massa são criadores de um pseudo-ambiente, de uma pseudo-realidade, sinteticamente gerada.
Entretanto há quem se debruce sobre o tema do simulacro como o espaço do signo que dissolve o original, que cria o ícone artificial, que destrói a referenciação ontológica da realidade. Assim o virtual transforma a noção de mundo e apaga a imagem que dele fazemos colocando-nos face a face com um cosmo sem referências. E há quem diga que “a geometria fractal, desenvolvida e sistematizada pelo francês Benoit Mandelbrot, traz à luz processos não lineares e intradimensionais que abalam todo o edifício do sistema euclidiano” e que a noção de “objecto fractal foi criada por B. Mandelbrot a partir do adjectivo latino “fractus”,, que significa irregular e interrupto”, e “... a geometria fractal é caracterizada pela relação entre a escolha de problemas no seio do caos da natureza e a escolha dos instrumentos no seio das matemáticas”.
É surpreendente como pesados e complexos cálculos matemáticos, só possíveis com o uso de computadores, tenha sido a solução encontrada para a representação das formas da natureza, que aparentemente nada tem a ver com fórmulas matemáticas, e que pudesse haver uma ordem no caos, “uma ordem da desordem”.
Pode-se-á considerar que o pensamento filosófico e científico ocidental tem sempre se confrontado com duas noções opostas: a de ordem, regra, cosmo, perfeição e a de desordem, caos, irregularidade, imperfeição etc.
Mandelbrot, observa que os objectos fractais (ele postula um plural irregular para o substantivo fractal), levam-nos a travar conhecimento com problemas científicos antigos, belos e difíceis e “... com matemáticas belas em si mesmas”.
O interesse estético suscitado pelas formas fractais parece indicar a existência de “uma estética matemática”, a qual Mandelbrot confessa temer que possa ter apenas um valor estético ou até mesmo apenas “cosmético”.
De uma maneira geral, um “... objecto fractal é qualquer coisa cuja forma seja extremamente irregular, extremamente interrompida ou descontínua...”, “...um objecto físico (natural ou artificial), que mostra intuitivamente uma forma fractal”.
As formas fractais são frequentes na natureza, como a do recorte de uma costa, o perfil dos flocos de neve, os contornos de um rio ou de uma nuvem, etc.. Sempre se considerou a forma desses objectos como não previsível, descritível ou calculável, devida ao acaso, de acordo com as noções da geometria euclidiana tradicional, que não pareciam suficientemente adequadas para tais formas, especialmente por não contemplarem as dimensões fraccionadas do número. Na verdade Mandelbrot não cria, mas reformula uma teoria geométrica que se adapta à descrição dos objectos fractais. Tais formas, pela sua estranha e irregular configuração, apresentam-se como objectos diferentes, causadores de inquietação e surpresa, gerando ao mesmo tempo admiração e desconforto visual.
Acostumamo-nos a pensar na dimensão em termos de unidade: zero para o ponto, um para a linha, dois para a superfície e três para o volume. E, assim, a exigência de dimensões não inteiras, correspondente a fracções, seria um caso de “monstruosidade” geométrica: as dimensões fractais.
Poder-se-á dizer que fractais são, portanto, “...monstros particulares, de elevadíssima fragmentação figurativa, monstros dotados de ritmo e repetitividade escalar, não obstante a irregularidade, monstros cuja forma se deve ao acaso, mas só como variável equiprovável de um sistema ordenado”.
A teratologia, ou ciência dos monstros, por outro lado, funda-se no princípio da “desmesura”.
Ao descrever monstros sempre referimos que são excedentes ou excessivos, com dimensões enormes ou diminutas: gigantes, centauros, anões, gnomos, etc., que lhe faltam partes ou tem apêndices gratuitos, como os gastópodes, isquiópodes, etc.. A perfeição natural parece tender para a medida média e tudo o que se apresenta como ultrapassando os seus limites é “imperfeito”, “monstruoso”.
Na mitologia clássica, por exemplo, o Minotauro e a Esfinge, protótipos de monstros, são ao mesmo tempo seres maravilhosos, amedrontadores e enigmáticos. Simultaneamente fazem-nos experimentar fascínio e pavor.
Contemplando uma figura fractal podemos nos surpreender, encantados com sua estrutura e colorido, e, ao mesmo tempo, experimentar uma inquietação da mente, pela sua complexidade incompreensível, pelo seu desenvolvimento irregular e imprevisível, obrigando a um reajuste de nossa perspectiva e do julgamento e percepção do olho, para nos situarmos frente a um diferente, instável e… angustiante fenómeno visual.
segunda-feira, 23 de junho de 2008
Viagem fractal
Este video é uma verdadeira obra de arte fractal, elaborada pelo senhor Thomas Williams, cuja fantástica criatividade pode ser vista aqui.
Sem palavras, sem sentimentos, vale a pena ver e ouvir, esvaziando a cabela e o coração...Sentir-se-à PAZ nesta verdadeira "viagem fractal"!
quarta-feira, 18 de junho de 2008
De sonhos, prazeres e realidades...
Por isso a felicidade está ligada à incerteza, ao risco, ao pedir sem a certeza absoluta de que chegue o sim, porque o outro deve ser totalmente espontâneo e livre e, por isso, totalmente imprevisível. Como está longe do sonho esta situação! Na vida real a felicidade parece-nos continuamente suspensa sobre o abismo do improvável; existe precisamente porque não temos certezas; nasce do encontro do meu desejo com a realidade, mas uma realidade que tem a minha própria natureza: espontânea e livre. Claro que nós procuramos o prazer. Porém, o prazer não pode ser assegurado antecipadamente, surge-nos como graça, como milagre, como algo a mais...
Francesco Alberoni - “A árvore da vida”
sábado, 14 de junho de 2008
Amar-te-ei sempre!!!
"Se calhar sou doida, sofro da mais antiga enfermidade do ser humano e que ainda nenhum cientista se lembrou de diagnosticar, estudar e classificar como uma patologia: não sei viver sem amor. Preciso de amar e ser amada para viver sem me deixar engolir pela realidade, sem sentir que estou a lutar para me manter à tona.
Nietzsche, que tinha tanto de louco como de sábio, escreveu que a grandeza de um homem está em ser uma ponte e não uma meta. Mas ninguém consegue construir uma ponte sozinho, nem carregar um piano, nem mudar uma casa, por isso aprendi algo mais difícil: aprendi a ficar quieta quando aquilo que mais quero e desejo não depende só de mim. E com essa nova e preciosa lição veio a paz, a tranquilidade, a harmonia dos dias sossegados e das noites de sono profundo. Aprendi muito contigo, com certeza mais do que possas imaginar. Aprendi com os meus erros, porque é quando se perde que a lição é mais importante. Devia ter ficado quieta mais vezes, devia ter respeitado o teu silêncio e o teu espaço, deixar-te em paz em vez de te pedir o mundo, porque iria sempre amar-te, estivesses ou não ao meu lado, porque fazes parte de mim, mesmo sem saber se és a primeira ou a última peça do meu dominó, mesmo sem saber se o vais pôr de pé ou deitá-lo abaixo.O amor tem o seu próprio mistério, tentar desvendá-lo é um erro, tentar apressá-lo um crime.
O amor é mesmo assim: damos aos outros o nosso melhor sem sequer o saber. E tudo o que damos nunca se perde, nada se perde, apenas se transforma e se guarda numa caixa que só o futuro conhece e desvenda.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Oceano Fractal
sexta-feira, 30 de maio de 2008
"Momentos de Revelação"
A arte é documento, é denúncia, é enaltecimento é, também e sem dúvida, uma forma “subversiva” de expressão. O mais apaixonante exemplo disto é para mim é o artista plástico Piet Mondrian, o qual tive o enorme prazer de poder estudar e explorar na Universidade.
Quadro de Piet Mondrian, 1921
Piet Mondrian era um homem cujas maneiras e cujo estilo de vida modestos escondiam um temperamento passional. A sua progressão do “naturalismo expressionista” para a calma equilibrada e para a simplicidade aparente da “abstração pura” (neoplasticismo) caracterizava-se por uma redução rigorosamente lógica dos meios e por um refinamento de propósitos. Paradoxalmente, estas economias criativas eram as mais rigorosas, apesar da força da necessidade emocional à qual elas respondiam. Assim como ocorria com Malevich e Kandinsky, a pintura para Mondrian era uma actividade filosófica e espiritual. Era o meio para a revelação de uma realidade oculta atrás das formas da natureza bem como para a criação de um modo de vida que, em última instância, libertaria o espírito humano da contingência trágica e o traria para a paz do equilíbrio perfeito – a ordem no caos.
"Fractal Mondrian" de Tim Fort, 2005
Tal como Piet Mondrian – através da pintura e do neoplasticismo (que também utiliza fórmulas matemáticas), também Benoît Mandelbrot - através da matemática e da geometria fractal (que é também uma forma de arte), tenta chegar a uma ordem no caos, sendo que ambos partem da observação das formas existentes na natureza, embora o expressem de formas diferentes. Assim, talvez possamos dizer que tanto o artista quanto o cientista, ambos com seus conflitos, emoções e frustrações, chegam aos seus "Momentos de Revelação".
Esta tem sido, indubitavelmente, uma constante na humanidade, ao longos dos tempos..
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quinta-feira, 29 de maio de 2008
domingo, 25 de maio de 2008
Viajar no Tempo V - Paradoxos
Discovery - First Time Machine
Esta concepção é de Ronald Mallett , um professor norte-americano de física de uma Universidade de Connecticut.
Devido à morte de seu pai, quando ele tinha apenas 10 anos, decidiu criar uma máquina do tempo, gerando uma obsessão para tentar voltar no tempo e salvar seu pai. Segundo Ronald Mallett, ele já está muito próximo de terminá-la.
O Seu projecto baseia-se num conjunto de raios lasers que, em forma de espiral, teriam potência suficiente para deformar o espaço-tempo, proporcionando assim a viagem para o passado e para o futuro.
No entanto, mesmo que seu projecto funcione e uma eventual máquina do tempo seja criada, Ronald Mallett não poderia salvar seu pai, uma vez que isto acarretaria um paradoxo temporal cíclico. O paradoxo é simples: se Ronald Mallett teve a ideia de criar uma máquina do tempo simplesmente para salvar seu pai (convencendo-o a parar de fumar), caso ele consiguisse convencê-lo, ao voltar para o presente, o seu pai estaria vivo, mas isto seria impossível, pois se o seu pai estivesse vivo, ele nunca teria imaginado criar uma máquina do tempo, porque o fundamento para a criação desta fora a morte do seu pai, que através da criação da máquina do tempo, nunca acontecera. Consequentemente Mallett ficaria preso neste ciclo vicioso, sem nunca poder salvar o seu pai de facto...
E neste video podemos perceber todo este mistério na perfeição:
Time Travel: Einstein's big idea (Theory of Relativity)
Pois é...ainda estamos longe de uma máquina do tempo plausível...
Mas, até lá, vamos sonhando!
E vocês, o que fariam se pudessem viajar no tempo?!
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Viajar no Tempo IV - Supercordas
A Teoria da Relatividade Geral de Einstein, que engloba a Lei da Gravitação Universal de Newton, é capaz de descrever muito bem as órbitas dos planetas, a evolução das estrelas, o "Big Bang" e até os buracos negros; entretanto, para que essa teoria seja satisfeita, é necessário que o seu Universo seja totalmente clássico (Newtoniano) e que a Mecânica Quântica não faça parte da Natureza Universal. O grande desafio da Física actualmente é unificar essas duas teorias básicas: a Teoria Quântica e a Teoria da Relatividade, numa teoria completa a respeito das partículas subatómicas. Existem, actualmente, várias teorias ou modelos parciais que descrevem muito bem certos aspectos dos fenómenos subatómicos, ainda que não completamente.
A Teoria das Super Cordas, com certeza, também tem suas deficiências, mas ela pode servir de elo entre a Mecânica Quântica e a Relatividade Geral (e a gravidade) para explicar o comportamento de partículas que interagem num ponto singular do espaço-tempo à "distância zero" uma das outras, como acontece no interior dos núcleos atómicos. Como é que essas partículas tão infinitamente pequenas, com massa quase zero e que, por esse motivo, não deveriam apresentar um efeito gravitacional forte, podem estar tão próximas umas das outras? Os físicos têm tentado encontrar uma explicação para esse paradoxo há muito tempo e costumam chamar esse efeito gravitacional, ainda inexplicável, de Gravidade Quântica.
Posto isto, imaginemos, de uma forma muito..."simplista", uma outra teoria sobre como poderíamos viajar para frente e para trás no tempo usando a ideia das supercordas, sendo que estas podem cobrir toda a extensão do universo e estão sob imensa pressão: milhões e milhões de toneladas.
Estas supercordas gerariam uma enorme quantidade de força gravitacional sobre quaisquer objectos que passassem perto delas. Os objectos presos a uma supercorda poderiam viajar a velocidades incríveis e, já que a força gravitacional delas distorce o espaço-tempo, poderiam ser usadas em viagens no tempo. Aproximando duas supercordas talvez fosse possível deformar o espaço-tempo o suficiente para criar curvas de tempo próximas.
Uma nave espacial poderia transformar-se numa máquina do tempo usando a gravidade produzida pelas duas supercordas para se lançar ao passado. Para isso, faria um trajecto circular, em forma de "laço", em torno das supercordas. No entanto, ainda há muita especulação sobre se estas cordas existem e, em caso afirmativo, qual a forma exacta que teriam. Pensa-se que, para voltar apenas um ano no tempo, seria preciso um laço de corda que contivesse metade da massa-energia de uma galáxia inteira. E, como com qualquer máquina do tempo, não poderíamos voltar mais longe do que o ponto em que a máquina do tempo foi criada...
Mas, se algum dia pudermos desenvolver uma teoria realizável para viajar no tempo, abriríamos uma caixa de Pandora de problemas/paradoxos extremamente complicados...
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sábado, 24 de maio de 2008
Viajar no Tempo III - Wormholes ou Pontes de Einstein-Rosen
O espaço é visualizado como um plano bidimensional, em vez das quatro dimensões que na verdade constituem o espaço-tempo. Imaginemos que este lençol está dobrado, deixando um espaço entre as partes de cima e de baixo. Colocar a bola de baseball no lado de cima fará com que se forme uma curvatura . Se uma massa igual fosse colocada na parte de baixo do lençol, num ponto correspondente ao ocupado pela bola de baseball na parte de cima, eventualmente a segunda massa encontraria a bola de baseball. É mais ou menos assim que os wormholes podem formar-se.
No espaço, as massas que fazem pressão em diferentes partes do universo poderiam eventualmente formar um túnel, isto é, um wormhole. Poderíamos viajar da Terra para outra galáxia e voltar relativamente depressa. Por exemplo, vamos imaginar um roteiro em que quiséssemos viajar para Sírio, uma estrela vista na constelação do Cão Maior, logo abaixo de Órion. Sírio está a cerca de 9 anos-luz da Terra, o que equivale a aproximadamente 90 trilhões de quilómetros. Obviamente, esta distância seria muito grande para que os viajantes espaciais a percorressem e voltassem a tempo de nos contar o que eles viram por lá. Até agora, o mais distante que as pessoas já viajaram no espaço foi até a Lua, que está a cerca de 400 mil km da Terra. Se pudéssemos encontrar um wormhole que nos ligasse ao espaço, em redor de Sírio, poderíamos poupar um tempo considerável, evitando os trilhões de quilómetros que teríamos de percorrer com a viagem espacial tradicional.
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Como tudo isto se relaciona com a viagem no tempo? Conforme dito anteriormente, a teoria da relatividade diz que, à medida que a velocidade de um objecto se aproxima da velocidade da luz, o tempo desacelera. Os cientistas descobriram que mesmo à velocidade de uma nave espacial, os astronautas podem viajar alguns nanosegundos para o futuro.
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Para entender isto, imaginem duas pessoas, um indivíduo A e um indivíduo B. O indivíduo A fica na Terra, enquanto o indivíduo B descola num foguete espacial. Na descolagem, os seus relógios estão em perfeita sincronia.
Quanto mais próximo da velocidade da luz viajar o foguete do indivíduo B, mais devagar passará o tempo para ele (em relação ao indivíduo A). Se o indivíduo B viajar durante poucas horas a 50% da velocidade da luz e retornar à Terra, será óbvio para ambos que o indivíduo A envelheceu bem mais rápido do que o indivíduo B.
Esta diferença no envelhecimento dá-se porque o tempo passou muito mais rápido para o indivíduo A do que para o indivíduo B, que estava a viajar mais próximo da velocidade da luz. Muitos anos se podem ter passado para o indivíduo A, enquanto o indivíduo B experimentou um lapso de tempo de poucas horas. A isto se chamou o Paradoxo dos Gémeos.
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sexta-feira, 23 de maio de 2008
Viajar no Tempo II - Buracos Negros
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quarta-feira, 21 de maio de 2008
Viajar no tempo I
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo"
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- Alberto Caeiro, in Máquina do Tempo -
Talvez não haja nenhum outro conceito que atraia tanto a imaginação quanto a ideia de viagem no tempo - a capacidade de viajar para qualquer ponto no passado ou no futuro. O que poderia ser mais fascinante? Poderíamos embarcar na máquina do tempo para voltar e ver os maiores acontecimentos da história e conversar com as pessoas que estavam lá. Quem poderiamos encontrar? Júlio César? Leonardo da Vinci? Mozart? Seria possível voltarmos e encontrarmo-nos connosco próprios, mais jovens, ou avançar e ver qual seria a nossa aparência no futuro... São estas possibilidades que fazem da viagem no tempo o tema de tantos livros e filmes de ficção científica.
Acontece que, de algum modo, somos todos viajantes do tempo. Enquanto estamos em frente do computador, a teclar e a clicar no rato, o tempo está a transformar-se. O futuro está constantemente a transformar-se em passado, assim com o presente está a durar apenas um fugaz instante . Tudo o que está a ser feito agora rapidamente vai para o passado, o que significa que continuamos a deslocar-nos no tempo.
As ideias sobre viagens no tempo existem há séculos, mas quando Albert Einstein lançou a sua teoria da relatividade espacial, estabeleceu os fundamentos da possibilidade teórica de viajar no tempo. Como todos nós sabemos, ninguém conseguiu provar uma viagem no tempo, mas também ninguém conseguiu excluir sua possibilidade.
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· Wormholes ou pontes de Einstein-Rosen..
domingo, 18 de maio de 2008
O inconformista
Entretanto António morava numa selva de pedra, lutando diariamente (e de forma feroz) para sobreviver e prevalecer. Convivia com muitas pessoas mas, como em qualquer cidade grande, só tinha contacto, de facto, com uma pequeníssima parcela da população.
A empresa onde António trabalhava parecia ter saído daquele filme do Orson Welles, "O Processo", em que Anthony Perkins trabalha num escritório lotado de escrivaninhas, com dezenas de pessoas a dactilografar, silenciosamente sentadas, onde apenas o barulho das máquinas de escrever pode ser ouvido. Quando o expediente é encerrado todos se levantam ao mesmo tempo e, em menos de um minuto, a grande sala está vazia. Substituam as máquinas de escrever por computadores e aí está a empresa onde António trabalha.
Mas o nosso herói, como dito anteriormente, era um rebelde, um inconformista. Ao vestir-se todas as manhãs ele fazia questão de manter a sua mente em constante sintonia com a sua sede de liberdade. Então não usava cuecas ou qualquer tipo de roupa interior. Sem nenhuma conotação sexual, António ia trabalhar sem cuecas, como um acto de contestação pessoal. Por ter as suas partes íntimas livres e sem amarras, António acreditava que manter-se-ia puro, incorruptível. Um dia sairei daqui. Vou morar à beira de uma praia deserta. Viver da pesca e serei, então, feliz.
O que António nem sequer admitia era a sua falta de auto-confiança e a necessidade de segurança acima de qualquer idealismo. Ao vestir-se de manhã, as suas mãos agarravam uma peça de roupa, quase imperceptivelmente, com um gesto mecânico e impensado e lá ia António, o rebelde, trabalhar livre, leve e solto, com umas cuecas limpas e dobradas dentro de sua pasta, para o caso de surgir alguma emergência.
"Florence, un de seules lieus au monde oú j´ai compris
qu´au fond de ma révolte dormais un énorme consentement."
- Albert Camus -
sexta-feira, 16 de maio de 2008
...Sinto-me...
...sinto-me como um fractal
dentro de mim
não existe a coordenada tempo
o espaço é infinito
albergo uma imensidão de vida...
esculpida em momentos
com pessoas que aqui se alojaram...
;O)
terça-feira, 13 de maio de 2008
Quando o céu se ilumina...
59 segundos deliciosos
Obrigada meu amor, por acenderes as estrelas do nosso céu!
domingo, 11 de maio de 2008
Reflexões
Todos desejamos não nos desiludir. Isto porque a ilusão é o resplendor da esperança, a sua alma gémea irrequieta, o verbo que a transforma em sonho; sendo este o motor da acção – o sonho comanda a vida, diz-se e com razão. Quem espera desespera – se não se ilude. De ilusão em ilusão, vamos caminhando na senda da possibilitação – tornando o aparentemente impossível no eventual e provavelmente possível. Porém, aprender com a desilusão é o acerto do passo para nova ilusão mais adequada à margem de possibilidade. Nisto consiste o segredo da criação. Construímos o futuro da mesma forma que conhecemos o presente: de mito em mito, aprendendo com o erro de concepção, vamos formulando a hipótese que mais rigorosamente explica o acontecimento. É este o princípio da ciência. Quer dizer: a hipótese é sempre provisória e refutável, tal como a ilusão é sempre efémera e corrigível. A omnipotência no mundo do pensamento e a omnisciência no do saber conduzem os incautos ao deslize para o delírio e/ou para a indulgência mental...
Reflicto ao som desta música...
SECRET GARDEN - SONG FROM A SECRET GARDEN